segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Estudo "Ligação das alergias com a baixa taxa de cancro cerebral"

Estudos recentes dizem que quem sofre de alergias tem menor probabilidade de desenvolver cancro cerebral, uma vez que o sistema imunitário está mais alerta.
Não se sabe ainda como é que estes conhecimentos poderão auxiliar na prevenção do cancro cerebral. Ainda assim, o autor do estudo refere que são importantes para pesquisas futuras.

“Precisamos de realizar mais estudos para realmente compreender como funcionam estes mecanismos. Só depois, estaremos aptos para influenciar as pessoas que tenham maior risco de contrair este tumor ou tenham alguma história familiar” diz Bridget J. McCarthy, professor de Epidemologia da Universidade de Illinois, Chicago.
As lesões estudadas são conhecidas como gliomas, tipos de tumor mais comuns em cérebros de adultos.
Os gliomas conduzem à morte dentro de meses, mesmo que se tenha procedido à cirurgia ou se tenham feito tratamentos de quimio ou radioterapia.
Investigadores publicaram que as pessoas com alergias e doenças auto-imunes (que levam o sistema imunitário a atacar o organismo) têm menor probabilidade de desenvolver cancro cerebral.
“Tentámos encontrar uma ligação com algum tipo de alergia”, explicou McCarthy.
No estudo realizado este mês na revista “Epidemologia do Cancro, Biomarcadores & Prevenção”, o professor e os seus colegas examinaram os inquéritos respondidos por 419 pacientes com gliomas e 612 pessoas saudáveis.
A todos os pacientes perguntou-se se tinham alguma alergia – sazonal, a medicamentos, a comida, a animais ou qualquer outra – e se tomam anti-histamínicos.
Os resultados evidenciaram que as pessoas com tumores tinham menos apetência para desenvolver alergias e vice-versa. O anti-histamínico administrado não afectou os resultados, diz o autor.


O que é que as alergias têm a ver com os tumores cerebrais?

McCarthy diz que o trabalho intensivo do sistema imunitário pode causar alergias, mas permite que o organismo combata de melhor forma o cancro. Agora, o que fazer com esta informação é o assunto principal.

“Obviamente, que as alergias não são um factor de risco modificável (…). Não vamos dizer às pessoas que saiam e que desenvolvam alergias. Isso não vai acontecer. E não podemos dizer às que têm alergias que «isso é muito bom e que não tentem livrar-se delas»”.
O estudo não prova a causa nem o efeito – que as alergias diminuem, directamente, o risco de tumor cerebral. Apenas demonstra uma possível conexão, refere o Dr. Eugene S. Flamm, membro do Departamento de Neurocirurgia do Centro Médico de Montefiore de Nova Iorque.
Flamm diz que o estudo é pequeno e que as conclusões vão para além dos dados recolhidos.
“Existem vários factores a considerar e este estudo não os resolve de forma alguma” diz Flamm.
Os conflitos a considerar tratam-se do tipo de alergias evidenciadas em cada estudo, visto que algumas são bastante amplas e que outras são mais restritas (ex.: alergias sazonais). Deste modo serão necessários estudos futuros neste âmbito.


Boas leituras!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Fonte da eterna juventude sempre esteve nos nossos genes

Cancro: Cientistas conseguem inverter processo de envelhecimento

Uma equipa de cientistas liderada pelo luso-americano Ronald dePinho conseguiu, pela primeira vez, inverter o processo de envelhecimento através da manipulação genética, abrindo o caminho para uma espécie de “fonte da juventude” nas células humanas.
Em entrevista, o investigador, professor na escola de medicina de Harvard e no Dana Farber Cancer Institute, explicou que a sua equipa conseguiu artificialmente “ligar e desligar” o gene responsável pela reparação do ADN de ratos em laboratório.
As cobaias foram primeiro sujeitas a envelhecimento prematuro, que causou a perda de capacidades cognitivas e sinais exteriores, e quando o gene “voltasse a ser ligado” esperava-se um “abrandamento do processo de envelhecimento ou estabilização”.

“Em vez disso, vimos uma inversão dramática dos sinais e sintomas do envelhecimento: o cérebro aumentou de dimensão, a memória melhorou, deixou da haver pelos grisalhos e regressou a fertilidade” – o que significa “que há uma tremenda capacidade de os nossos tecidos se rejuvenescerem por si próprios”, adiantou dePinho.
Mostra como a manipulação, através de enzimas, das extremidades dos cromossomas responsáveis pela regeneração das células, os telómeros, pode inverter o envelhecimento e doenças relacionadas com a idade, como cancro, diabetes ou Alzheimer. 
Entre as dificuldades que os investigadores enfrentam está perceber em que momento se deve ‘ligar’ este gene e por quanto tempo, porque também células cancerosas podem ser estimuladas, caso estejam presentes no organismo. “Para se poder começar a multiplicar e nunca envelhecer, uma das coisas que a célula cancerosa faz é ligar este gene. Se temos um cancro que já começou e ligarmos o gene, podemos torná-lo mais agressivo”, afirma dePinho.
Além de procurar entender o “calendário próprio” para reactivar o gene, a sua equipa vai agora debruçar-se em como é que os tecidos retêm a capacidade de rejuvenescimento, ou seja “os processos biológicos e moleculares que permitem criar esta resposta tremenda”
Segundo dePinho, esta e outras investigações já deixaram claro é que as pessoas podem começar a “atrasar o relógio já hoje”. “É essencialmente fazer exercício, comer devidamente e não fumar. Um estilo de vida saudável tem impacto imediato na longevidade”, sustentou.